quarta-feira, 10 de agosto de 2022

Promoção na carreira

Já se perguntaram como é que uma pessoa pode chegar a ser um "servidor público"? Como é que uma pessoa pode vir a ser uma pessoa bem remunerada no serviço público? (existem servidores que não ganham bem, e na verdade é a maioria) Preocupado em estabelecer algum tipo de ganho para a minha carreira, mesmo que não seja um aumento de salário, procurei me informar sobre como era o "concurso interno" em governos anteriores ao início da vigência da Constituição atual que estabeleceu uma única forma de entrar no serviço público: o concurso público.

Procurei saber disso porque a concorrência tem sido muito grande e como a prova tem que ser feita de uma maneira objetiva, os conhecimentos avaliados acabam por não privilegiar outras formas de avaliação que podem promover uma melhor forma de adequação das necessidades do serviço com quem pode oferecer um bom serviço de fato.

Nesse sentido e já diminuindo um pouco a minha empolgação, percebi que a Sumula Vinculante 43 do STF já é bem restritiva e abrangente em muitos dos temas semelhantes, estabelecendo o seguinte:

É inconstitucional toda modalidade de provimento que propicie ao servidor investir-se, sem prévia aprovação em concurso público destinado ao seu provimento, em cargo que não integra a carreira na qual anteriormente investido.

Mas na medida desse estabelecimento eu encontrei a saída para meu problema: a Promoção.
A Lei 8.112 no Artigo 10, Parágrafo único:

Os demais requisitos para o ingresso e o desenvolvimento do servidor na carreira, mediante promoção, serão estabelecidos pela lei que fixar as diretrizes do sistema de carreira na Administração Pública Federal e seus regulamentos.

Logo a promoção é um mecanismo que a lei habilitou aos sistemas de planejamento a regulamentação, notadamente ao Ministério do Planejamento e ao Ministério da Educação, que são os entes que tem a prerrogativa legal de propor legislação sobre os servidores da Educação, mas que quando a gente observa na Lei 11.091 não foi utilizada a promoção para realização do desenvolvimento da carreira dos Técnicos Administrativos em Educação -TAE.

A Lei 11.416 que dispõe sobre as carreiras dos Servidores do Poder Judiciário da União, lá existe a parte que estabelece a promoção. Nos moldes dessa lei dos técnicos do judiciário, seria interessante que a Comissão Nacional de Supervisão, que é a instância deliberativa que legitima as discussões e alterações sobre a lei 11091. A lei do judiciário não está utilizando um jargão padrão para o que usualmente, nos arranjos de hierarquia de trabalho, se utiliza para a "promoção" que denota uma elevação funcional vertical.

Bem sabido é que se a distinção entre as classes das carreiras, no caso os TAEs, entre A, B, C, D e E denota uma mudança de "nível", observa-se então que as classes são uma verticalização do serviço. No tocante ao processo de estabelecimento da carreira, caberia então uma forma de estabelecer que a carreira possa ter um desenvolvimento que contemple o nível de qualificação para o aumento salarial.

É fundamental para motivar os servidores que entraram na carreira dos TAEs em Educação que possam alcançar o nível superior na carreira elevando seus ganhos salariais. Mas é fundamental que todo servidor entenda a missão institucional e que o processo de planejamento inclua a comunidade de servidores e de administrandos para que o trabalho gere sinergia, ou seja, que haja uma situação proativa de trabalho produtivo, eficiente, eficaz e efetivo.

sexta-feira, 8 de outubro de 2021

Encontro Pedagógico

Todo semestre a instituição realiza um evento de início de atividades com apresentações que vão de planejamentos a relatórios e novos instrumentais teóricos para as práticas institucionais. Em 2021.2 não foi diferente e o evento foi realizado em dois dias e foi muito bom. Não ficou disponível para acesso direto no site, mas aqui vai, porque transparência é fundamental e não podemos ocultar aqui que faz a nossa instituição: A participação de todos na construção de um mundo melhor!





quinta-feira, 29 de julho de 2021

OBSERVATÓRIO NACIONAL DE EDUCAÇÃO INTEGRAL

 No dia 28 de julho de 2021, desenvolvendo meu trabalho remoto, recebi uma notificação do YouTube sobre uma "live" na "Web TV Undime Bahia" do Observatório Nacional de Educação Integral para um momento, uma mesa, com o tema "Educação integral e enfrentamento do racismo na sociedade brasileira: territórios, infâncias e juventudes". Essa live me cativou muito, especialmente pela fala da professora Gina Vieira Ponte de Albuquerque, mulher negra, Autora do Projeto Mulheres Inspiradoras, agraciado com 13 prêmios, entre eles, o I Prêmio Ibero-americano de Educação em Direitos Humanos, minha nova heroína, redentora de todo atraso sobre a imagem falseada na historiografia brasileira que oculta a fortuna intelectual dos negros que construíram o país. Quem se interessar, pode assistir essa live no canal do YouTube.





segunda-feira, 21 de junho de 2021

O Campus da Av. 13 de maio - 2

O jornal "A Razão" de 21 de fevereiro de 1937 deu a seguinte manchete: "A ANGUSTIOSA SITUAÇÃO DO 'FOOT-BALL' CEARENSE". É um artigo sobre como o "Campo do Prado" vai deixar de existir porque o Governo do Estado comprou o terreno para que naquele lugar pudesse ser construído a sede definitiva da Escola de Aprendizes Artífices do Ceará.



Imagem do Jornal A Razão obtida da Hemeroteca da Biblioteca Nacional



Essa é a arquibancada do Campo do Prado, provavelmente a área de platéia em frente ao que era o "paddock" da pista de corrida de cavalos.

Vista aérea do hipódromo do antigo "Jockey Club"


Aqui a gente vê um grupo de homens realizando atividades físicas e ao fundo os barracões de palha onde eram alojados os trabalhadores que iriam para a Amazônia realizar a extração de látex para o serviço de Guerra durante o período em que o Brasil aderiu aos Aliados e criou o  Serviço Especial de Mobilização de Trabalhadores para a Amazônia.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2021

Jorge Feijor Raupp

A primeira vez que ouvi falar de Jorge Raupp foi sobre a história de sua morte e já contei isso aqui, mas fique curioso depois que busquei saber sobre a vida dos diretores da instituição e muito frustrado por saber que não tem muita coisa por ai na Internet. Então resolvi fazer essa pesquisa, só com o que é possível achar na internet e vamos ver no que deu.

Jorge Feijor Raupp nasceu no Rio Grande do Sul em 1903 entre  18 de dezembro ou 19 de dezembro. Era engenheiro civil e veio para o Ceará em 1928 para ser professor da Escola de Aprendizes Artífices do Ceará e já tinha passado pela EAA de Pernambuco. Casou com Francisquinha com quem teve Yeda e Iran. Foi designado em 1930 para a Reformulação do ensino profissional Tecnico. Em 1931 Jorge ganhou um concurso que escolheu uma arte gráfica para a capa do "Album de Fortaleza". Em 1936 Raupp inaugura uma loja para produção de cliches e outros produtos gráfico chamada de "Fotogravure D´Aguerre". Já em 1951 foi para os Estados Unidos, onde passou por treinamento sobre educação industrial e em seu retorno foi conduzido à Direção da Escola Industrial de Fortaleza. Em 1953 fez parte de comissão que deu nova orientação ao ensino profissional. Faleceu em 23 de janeiro de 1957.

Esse é são os fatos que consegui apurar, mas acredito que ele deve ter tido uma trajetória rica, notadamente por ter sido um diretor da Escola Industrial em um momento tão marcante da história do Brasil. Pretendo fazer novas pesquisas no IFCE e em bibliotecas para enriquecer essa historiografia.

quinta-feira, 16 de agosto de 2018

Antes que ninguém conte, Eu conto...

Organizando o ambiente do Departamento de Telemática acabei achando um livro da colega de IF, Severina Gadelha, pedagoga que se aposentou em 2015. Um texto formidável que resume uma parte muito importante da Escola Técnica e Cefet, entre 1974 e 2004. O texto é uma análise e amostragem dos Encontros Pedagógicos que ocorreram nesse período mostrando os temas e como foi o debate.

Recomendo a leitura a todos que se interessam pela história do IFCE. Estou compartilhando o livro digitalizado para que mais pessoas possam ter acesso. Basta clicar na imagem da capa do livro.


Ceará e Califórnia: o que mudou de 1890 para 2017?

Tava lembrando noutro dia de quando era criança e ficava fascinado com alguns livros do meu pai, especialmente o volume "O Cientista", que fazia parte de uma coleção da "Editora Life". Esse livro tem ilustrações sobre "invenções e trabalhos" realizados por cientistas. Eu viajava pensando sobre o futuro e as transformações para um "mundo melhor". Nesse livro tinha um capitulo falando só sobre a Califórnia, o Estado da Ciência, nos Estados Unidos da América. A publicação é dos anos 1970, mas a tradução em português pegou o texto produzido da edição original dos anos 1960. Nessa época Clark Kerr era "Presidente" da Universidade da Califórnia e ele estava a frente do "Plano Diretor de Ensino Superior da Califórnia. Ele desenvolveu o que se tornou hoje o maior sistema de ensino superior público do mundo (As Universidades Públicas do Brasil, Federais, Estaduais e Municipais, não tem juntas o que o sistema da Califórnia, sozinha, tem. No Brasil são 2 milhões de matrículas públicas. No sistema da Califórnia são mais de 3.1 milhões de alunos. São mais de 100 mil alunos de pós-graduação). A Califórnia é uma potência!

Mas em 1880 a Califórnia era praticamente igual ao Ceará! Os estados tinham uma população semelhante, pouco mais de 800 mil habitantes e também problemas com a seca, problemas para armazenar água e agricultura. Tudo mudou para a Califórnia com a descoberta de ouro e petróleo. Nesse final de século XIX houve uma "corrida" para lá e então teve início o que gerou tanta riqueza e transformação para a Califórnia. Poderíamos dizer que isso faria toda a diferença: ter dinheiro! Mas o fato fundamental que manteve a Califórnia na vanguarda da geração de riqueza no mundo foi a implementação do sistema de ensino superior na década de 1960.

Porque a riqueza do Texas, que teve mais petróleo do que a Califórnia, não gerou algo mais pujante? Porque Nova Iorque, a meca da "livre iniciativa" e seu já consolidado mercado rico e pujante, não se manteve nessa vanguarda, já tão tradicional como foi com Thomas Edison e tantos outros inventores? As mudanças ocorridas depois da Segunda Guerra Mundial foram cruciais para consolidar o que a Califórnia se tornou: um grande parque tecnológico em todas as áreas do conhecimento. O governo de São Paulo tomou como exemplo o que foi essa mudança na Califórnia, no sistema de ensino superior, com a estruturação de suas três universidades estaduais. Esse foi um passo consolidador da virtuose que se tornou o ensino superior nessas universidades. Isso demonstrar como o ensino superior, aliado ao pensamento inovativo e empreendedor foi crucial para realizar a construção de uma riqueza que gera os maiores polos de transformação de nossa realidade pelo mundo.

sexta-feira, 22 de setembro de 2017

Almanaque do Ceará 1922 - Escola de Aprendizes Artífices

Abaixo segue as páginas do Almanaque do Ceará de 1922 que falam da Escola de Aprendizes Artífices do Ceará. Para quem quiser toda a coleção de Almanaques do Ceará é possível comprar por R$25,00 no site do Instituto do Ceará.









Os primeiros formados

O Almanaque do Ceará de 1922 deve ser um dos documentos mais antigos que se pode encontrar com um texto razoável relatando como foram os primeiros anos de funcionamento da Escola de Aprendizes Artífices do Ceará.

Nele achei uma lista interessante sobre os primeiros alunos formados. O relato, que deve ser de Carlos Câmara, aponta para as dificuldade de permanência na escola, por parte dos alunos, e por isso o número reduzido de concluintes. A lista a seguir é tirada dessa publicação e aponta para um número muito grave: apenas 13 alunos concluirão os cursos num período de 11 anos de funcionamento entre 1910 e 1921.

Francisco de Assis e Silva - Alfaiate
José Gonçalves - Alfaiate
Alfredo Faustino - Tipógrafo/encadernador
Octávio Cavalcante Bastos - Tipógrafo/encadernador
Manoel Soares da Silva - Marceneiro/carpinteiro
Francisco Cavalcante Costa - Marceneiro/carpinteiro
Raymundo Lopes Carneiro - Marceneiro/carpinteiro
José Gonçalves Ramos - Marceneiro/carpinteiro
Walfrido de Souza - Marceneiro/carpinteiro
Francisco Enrich Filho - Ferreiro/serralheiro/mecânico
Raymundo Felippe - Ferreiro/serralheiro/mecânico
Raymundo de Castro Cunha - Ferreiro/serralheiro/mecânico
Francisco Soares da Costa - Ferreiro/serralheiro/mecânico

Infelizmente o texto não fala em que ano cada um deles se formou, mas o registro das centenas de alunos que passaram pela escola por esses 11 anos deixa claro que esse é um número muito reduzido, até mesmo para uma turma normal que geralmente era composta por 30 alunos.

Futuramente publicarei imagens do artigo completo do Almanaque do Ceará de 1922 para que possam fazer suas próprias considerações.

Os Dirigentes

Fazer uma pesquisa histórica sobre a instituição que hoje é o Instituto Federal do Ceará com suas várias transformações é uma tarefa muito difícil, especialmente por causa dessas transformações. Mas por isso mesmo é uma tarefa tão necessária. 

Fazer um apanhado histórico dos Gestores acabou poder ser uma tarefa complexa porque essa história acabou não sendo tão bem preservada. Ações e tarefas não são bem marcadas ou guardadas e o que parece mais evidente é o que ainda tem placa de inauguração na sede que hoje é o Campus da Av. 13 de Maio. Não sabemos bem quais foram os períodos exatos, apesar de que existe uma exposição de retratos dos ex dirigentes no hall do Auditório Castelo Branco. Documentos como decretos e notícias de jornais dão conta de datas diferentes em alguns casos entre as gestões, mas no final a lista abaixo é bem realista sobre datas.

A Escola de Aprendizes Artífices iniciou seu planejamento ainda em 1909 sob o comando de José Pompeu de Souza Brasil. Seu comando não durou muito, ficando apenas até o dia 2 de abril de 1910. No dia 7 de abril de 1910 entrou no cargo o filho homônimo de Thomas Pompeo de Sousa Brasil. O próximo diretor foi Sebastião Cavalcante de Albuquerque ficando no comando até 2 de setembro de 1912. Em seguida foi nomeado o jornalista Hermenegildo de Brito Firmeza que fica no cargo até a entrada de Carlos Torres Câmara em 1913. Carlos Câmara ficou no comando até seu falecimento em 11 de março de 1939. Um parêntese no comando de Câmara aconteceu entre 1924 e 25. Ernesto Argento trocou de direção com Carlos, que foi para a EAA de Sergipe. Provavelmente por alguma questão administrativa, e que ambos retomaram as gestões das Escolas depois de aproximadamente um ano.

Esses foram os gestores da Escola de Aprendizes e Artífices. Em 1937, a Lei nº 378 de 13 de janeiro, que reorganizou o Ministério da Educação e Saúde, deu novo nome às Escolas, que passaram a ser chamadas de Liceus. No Ceará, primeiro foi o Liceu Industrial de Fortaleza, depois Liceu Industrial do Ceará. Durante essas mudanças no Governo Federal, em Fortaleza, Carlos Câmara, parece se articular com o Interventor Menezes Pimentel, que já articulava a transferência da instituição para imóvel definitivo, adquirido pelo governo do Ceará em junho de 1937. Em 4 de maio de 1939, por meio do Decreto nº 548, o Ceará dou o terreno da Av. 13 de maio que hoje é a sede do IFCE.

Waldyr Diogo de Siqueira sucedeu Carlos Camara até 1951. Ele foi o responsável pela mudança da instituição que passou a ser o Escola Industrial do Ceará, inaugurando a sede definitiva na Avenida 13 de maio em 19 de março de 1952. Em seguida toma posse no cargo Jorge Raupp, que ficou na direção até 23 de janeiro de 1957, quando faleceu. O período de gestão de José Roberto tem como grande destaque a consolidação da estrutura básica do campus, mas ainda sem muitos documentos a pesquisar. Destaca-se a criação da Biblioteca Waldyr Diogo de Siqueira, em 1968, e o plano para os espaços esportivos. A construção do ginásio foi concluído na gestão de Raimundo Araripe, que o batizou em homenagem a José Roberto, recentemente falecido.

Durante a diretoria de Raimundo César a Escola Técnica Federal do Ceará se consolidou como principal instituição de ensino técnico do Ceará. Uma estrutura bem equipada e organizada. A construção de várias melhorias em sua estrutura aconteceram na gestão de Raimundo Araripe: Parque aquático, biblioteca, novos blocos de construção civil e eletrotécnica e mais equipamentos e oferta de mais vagas.

Com a mudança para Centro Federal de Educação Tecnológica, CEFET-CE houve o fim da gestão de Raimundo Araripe, o fim da Escola Técnica Federal. Nas gestões posteriores, mandados com trocas mais constantes na gestão fez a instituição planejar suas ações de maneira mais coordenada e rotativa, mesmo tendo sido um período em que o Governo Federal não valorizou a gestão pública do ensino tecnológico. A mudança trouxe o ensino superior para o CEFET. 

Lista de gestores

José Pompeu de Souza Brasil ---------------------- 23.09.1909 - 02.04.1910
Thomas Pompeu de Sousa Brasil ----------------- 07.04.1910 - 01.07.1911
Sebastião Cavalcante de Albuquerque ---------- 01.07.1911 - 02.09.1912
Hermenegildo de Brito Firmeza -------------------- 04.09.1912 - 06.08.1913
Carlos Torres Câmara -------------------------------- 25.08.1913 - 31.01.1924
Ernesto Argenta ---------------------------------------- 01.02.1924 - 07.06.1925
Carlos Torres Câmara --------------------------------- 08.06.1925 - 11.03.1939
Waldyr Diogo de Siqueira --------------------------- 29.03.1939 - 23.01.1951
Jorge Raupp -------------------------------------------- 24.09.1951 - 23.01.1957
José Roberto de Mello Barreto --------------------- 25.04.1957 - 05.07.1969
Raimundo César Gadelha de Alencar Araripe - 25.07.1969 - 05.07.1990
José de A. Tavares Rocha --------------------------- 05.07.1990 - 30.07.1994
Samuel Brasileiro Filho ------------------------------ 30.07.1994 - 01.07.1998
Antonio Mauro Barbosa de Oliveira -------------- 02.07.1998 - 01.06.2004
Luiz Orlando Rodrigues ------------------------------ 01.09.2004 - 02.01.2005


quarta-feira, 31 de maio de 2017

O Campus da Av. 13 de Maio

As informações e imagens de como foi a inauguração da nova sede da "Escola Industrial do Ceará" ainda são bem difíceis de se achar na internet. É possível encontrar com algum esforço documentos, notícias e legislação sobre o tema, mas não sem muito trabalho.
Sabemos que o terreno da Av. 13 de Maio foi doado pelo Estado do Ceará em 1939. O Decreto de doação foi publicado no diário oficial em 1939, mas a aquisição do terreno foi feita em 1938. Mas demorou bastante tempo para que a nova sede da instituição ficasse pronta. Não encontrei quando foi feito o contrato para construção, mas ao que tudo indica, o terreno ficou sendo utilizado para organizar os alistados do "Serviço Especial de Mobilização de Trabalhadores para a Amazônia" - SEMTA que recrutou milhares de retirantes das secas do começo da década de 1940 para extrair látex na Amazônia e fornecer aos Estados Unidos da América como parte do esforço da Segunda Guerra Mundial. Depois do fim do SEMTA, o local ainda serviu de abrigo para os retirantes dos anos de seca seguintes até uma possível estabilidade climática gerar condições para a retomada do projeto da sede da Escola Industrial de Fortaleza. Nesse tempo a instituição funcionava em um prédio no Centro de Fortaleza que era da antiga Rede de Viação Cearense, empresa ferroviária do Governo Federal. Esse prédio ainda existe como era no tempo em que funcionou nele o "Liceu Industrial de Fortaleza".



A empresa contratada para projetar e construir o Liceu Industrial foi a Construtora Emílio Hinko Ltda. O contrato aconteceu com a publicação em jornal de grande circulação no dia 24 de outubro de 1947. Emílio Hinko era um arquiteto na moda em Fortaleza e fez muitos prédios que são ícones da cidade, notadamente a sede atual do Náutico Atlético Clube e da Base Aérea de Fortaleza. A notícia datada de 19 de março de 1952 dá conta da entrega do novo edifício à administração, na época exercida por Jorge Raupp, mas não se tem nenhuma menção a solenidade de inauguração. Provavelmente será possível conferir algumas notícias na hemeroteca da Biblioteca Pública Menezes Pimentel que futuramente atualizarei aqui, como deverá ser bem provável que ainda exista uma cópia do projeto original com os descendentes de Emílio Hinko que devo tentar fotografar para divulgar nesse blog. 


No final de 1960 o Presidente Juscelino decretou a desapropriação dos imóveis que são colados com o Campus Fortaleza para fazer jus ao processo de consolidação do Liceu Industrial do Ceará. Por mais de 30 anos o decreto vigorou e nenhuma ação conseguiu efetivar a anexação dos 6 imóveis ao terreno total da instituição. Foi o Decreto 49.080 de 1960. 

Atualmente o Campus Fortaleza encontra-se em um nível de estrutura bastante complexo tendo anexado 3 dois 6 imóveis vizinhos além da construção e reforma de muitas dependências além de vários projetos de reformas que ainda estão por acontecer esperando fundos para efetivação. Acredito que o futuro do IFCE Campus Fortaleza guarda mais revoluções de seu espaço, notadamente a possível aquisição de imóveis próximos para fortalecer os laboratórios e áreas para pesquisa, ensino e extensão.

O Campus Fortaleza atualmente!

terça-feira, 30 de maio de 2017

Carlos Torres Câmara

Timbre em documento oficial da
Escola de Aprendizes Artífice do Ceará
em documento de 1914 acessível no site da FGV
Conheci a figura histórica de Carlos Torres Câmara depois de ter buscado a história do IFCE, seu passado enquanto Escola Técnica Profissional, enquanto Escola de Aprendizes Artífices. Carlos Câmara foi o dirigente que passou mais tempo no comando a Escola de Aprendizes Artífices. Foi ele mesmo o seu consolidador e defensor. Antes dele, passaram rápido, 4 gestores, que não deixaram sua marca no que estava acontecendo com a Escola de Artífices de Fortaleza. A Instituição começou a funcionar em 1910 e Carlos Câmara já estava no comando em 1913, logo foi um breve período de iniciação, sem transformações na instituição.

Foi publicado no "Almanaque do Ceará" de 1922 um relatório detalhado das atividades da Escola de Aprendizes Artífices. Nele consta os gastos anuais, as matrículas totais e a frequência média dos alunos. Consta ainda a lista dos alunos concludentes até 1921, dos cursos ofertados. O relatório apresenta a situação em que se encontrava a escola e como os esforços de Carlos Câmara resultaram em melhoramentos. Ressalta também a preocupação com a questão pedagógica. Sua preocupação foi abordada em publicação intitulada de Revista Pedagógica. Ela era bimestral e seu primeiro volume surgiu em janeiro de 1917. Barão de Studart é citado por Plácido Aderaldo Castelo em seu livro "História do Ensino no Ceará", dando notícia  de que a Revista Pedagógica foi uma publicação valiosa para a difusão do ensino e problemas pedagógicos e didáticos.

Imagem ilustrativa do Diário Oficial do Estado
com a publicação do Decreto nº 548.
Confira original no site do DOE.
Carlos Torres Câmara foi um jornalista. Se lançou na política e exerceu mandado de deputado estadual de 1909 até 1912. Escritor de peças de teatro e um dos fundadores do grupo teatral, Grêmio Dramático Familiar. membro da Academia Cearense de Letras, foi muito fecunda sua produção intelectual. Procurando a internet é possível conferir um monte de textos e suas produções. No site da Academia Cearense de Letras é possível conferir uma cronologia de sua biografia, entrevista e suas obras teatrais.

No livro de Plácido Castelo existe um relato que aponta para um fato conclusivo: foi Carlos Câmara quem comandava o já Liceu Industrial de Fortaleza, quando foi articulada a aquisição e construção de uma nova sede, definitiva, para a instituição. Tal fato aconteceu com o Decreto nº 548 de 4 de maio de 1939, 54 dias depois do falecimento de Carlos Câmara. A nova sede na Avenida 13 de maio foi inaugurado em 19 de março de 1952. Foi construído pela Construtora Emílio Hinko Ltda. Na época da inauguração era denominada "Escola Industrial do Ceará".

Assinatura de Carlos Torres Câmara acessível no site da FGV
Bibliografia
COSTA, Marcelo: Carlos Câmara: O mestre cearense da burleta. Fortaleza, SECULT, 1994
QUINDERÉ, Caio: A Poética de um tempo: Estudos sobre o teatro de Carlos Câmara. Fortaleza: Premius, 2008
DIÓGENES, Osmar: Asilo de mendicidade: memória histórica. Fortaleza: INESP, 1997
AZEVEDO, Miguel Ângelo: Cronologia Ilustrada de Fortaleza. Fortaleza: UFC, 2001

terça-feira, 2 de maio de 2017

Representação e Associativismo estudantil

Não me lembro bem quando comecei a me interessar pelo associativismo estudantil, acho que foi quando tava ainda no colégio e lendo a Constituição do Ceará, no art.215, §2º Serão também incluídas, como disciplinas obrigatórias dos currículos nas escolas públicas e privadas de 1° e 2° graus, matérias sobre cooperativismo e associativismo. Ai eu me questionava porque meu colégio não tinha Grêmio. Eu também não tive iniciativa de discutir sobre esse tipo de conteúdo de associativismo e de institucionalização com meus colegas. Fato é que eu tava um pouco, só um pouco, não suficiente, insatisfeito para confrontar a estrutura estabelecida e criar um discurso para entender e saber os motivos da não existência disso.

Depois, na universidade, cursando Ciências Sociais na Universidade Estadual do Ceará, eu me envolvi de cada com o Centro Acadêmico do curso e fiz parte da gestão que entrou na entidade em 2000. Mas insatisfeito com o forma e as propostas da instituição acabei não me envolvendo com a continuidade da instituição. Na verdade eu fiz parte do grupo que fez o CACS ser descontinuado, um grupo que se dizia anarquista, mas que eu não fazia parte das discussões teóricas. Era um grupo que intervia anarquicamente para desarticular as instituições que não estavam servindo ao propósito da emancipação humana.

Então eu comecei a rever minha visão de que descontinuar a instituição não é a solução para o problema da emancipação. Criticar a instituição como uma estrutura de dominação e alienação não resolver o problema com a inexistência dela. Usar a instituição como um mecanismo para a transformação do processo emancipatório para uma efetividade da emancipação é que deve ser a luta. Nesse sentido eu estabeleci um pensamento de que a representação estudantil é processo fundamental de aprendizado para a emancipação. Fazer parte de uma entidade que representa uma coletividade que congrega pessoas que você gosta e que você não gosta é um exercício de humanidade fundamental para o exercício de emancipação humana.

Ao tomar posse no Serviço Público no IFCE, especificamente ao começar o trabalho em Canindé, eu sempre apoiei o associativismo estudantil. A gestão do Campus Canindé sempre apoiou, tanto o Prof. Evandro Martins, quanto o Prof, Vidal, fizeram valer a representatividade das entidades para as causas dos estudantes. O Prof. Evandro sempre reconheceu a importância do movimento estudantil, notadamente pelo apoio e mobilização dos estudantes secundaristas de Canindé e região, para a efetivação da instalação do Campus Canindé.

Depois fui trabalhar no Campus Maracanaú prestando serviço no Departamento de Extensão Pesquisa e Inovação e fui designado pelo Diretor Geral, Prof. Júlio César para organizar um novo espaço destinado às entidades estudantis do campus, que tinha sido inaugurado em 2015, mas que precisava de mobiliário, equipamentos e outras materiais para funcionar. Ajudamos aos alunos na mobilização e também nas discussões para a implementação de Empresas Juniores, mas acabei saindo de Maracanaú antes de efetivar a organização dessas entidades nos espaços. Em Fortaleza, ainda sem nada definido nem conhecendo como a gestão do campus trabalha com as entidades, estou elaborando um plano de trabalho como um projeto de extensão para viabilizar uma mudança de postura e uma nova forma de fortalecer e dar visibilidade às entidades estudantis.

O estado atual do Campus Fortaleza com suas entidades é a seguinte:


  • Diretório Central dos Estudantes José Montenegro de Lima
    • Centro Acadêmico de Engenharia de Telecomunicações (CAET)
    • Centro Acadêmico de Engenharia da Computação (CAECOMP)
    • Centro Acadêmico de Engenharia Civil
    • Centro Acadêmico de Engenharia Mecatrônica
    • Centro Acadêmico do Bacharelado em Turismo (CATUR)
    • Centro Acadêmico da Telemática (CATEL)
    • Centro Acadêmico de Saneamento Ambiental
    • Centro Acadêmico Nice Firmeza - Licenciatura em Artes
    • Centro Acadêmico da Matemática


  • Grêmio Estudantil IFCE